domingo, 29 de abril de 2012

AS CRÔNICAS CÔMICAS DE UM SUJEITO BANALMENTE INCOMUM - Capitulo 2: 'Estranh...Não, magina...'

   Sempre que passava pela sala, Filemon olhava para o porta-retrato com a foto de seu pai. Ele se questionou todos os dias, após o ocorrido, sobre como a morte do velho fora misteriosa...
   Juntou durante todo o tempo – pouco tempo. Bem pouco tempo. Na verdade, no máximo 2 dias, de jornais diferentes, de uns 4, mais ou menos. – todas as matérias que saíram nos jornais.
Elas estavam parede, atrás do retrato:
    “Pé-de-cana dirige freneticamente para a morte.”;
    “Indigente com nível de álcool no sangue 9 vezes acima do aceitável para ‘oi, boa noite, hoje eu quero morrer’, capota carro ...”;
    “Bebeu pra caralho e causou acidente!”;
    “Idiotas no volante. De onde vem? Como vivem? Por que e para quê vivem?;
    “Nicole’s Luxury Escort: Entretenimento adulto de fins específicos. – Vivi. 22 anos; Estudante de medicina com ênfase em ‘pé-na-nuca’...”.
    ...Ok, desconsidere a última matéria. 

   Faltava algo. Ele sentia que sentia que estava prestes a entender tudo. 
   Mas mal sabia que estava enganado. 
   Bem enganado.
   Muito enganado.
   Enganadasso.
   Enganado pra caralho.
   Serio.
...

   Já era tarde para um happy hour. 17h de uma sexta-feira especial.
   O motivo de a sexta-feira ser especial é que ela é uma sexta-feira, e isso, por si só já é algo especial.
   Filemon havia combinado de encontrar um grupo de amigos não-intimos para um debate sobre como "o mundo era diferente quando os homens usavam bigode".
  Esse era um tema subliminarmente importante desde todo o sempre, mas por ser subliminarmente importante, eles não se davam conta e utilizavam desse tema para se reunir e tomar uns pileques na sempre finada tentativa de um esboço de início de uma amizade de verdade.
  Tanto para Filemon quanto para aquele grupo de íntimos amigos não-íntimos dele, aquela situação era extremamente cômoda, pois ele era um sujeito incomum – leia-se estranho pra caralho – e aquele grupo de rapazes eram, em suma, mais incomuns que ele – leia-se mais estranhos pra caralho do que o próprio Filemon -, e tanto ele quanto eles, não tinham lá tantos amigos, sabe.

   Filemon ainda não havia se convencido de ter percebido que aqueles rapazes usavam as roupas iguais e seus nomes eram relativamente parecidos. Ele se convencia com o argumento de que sempre estava levemente alcoolizado – mas nunca totalmente, devido a historia de seu pai.
   Sempre que o encontravam, faziam uma apresentaçãozinha teatral mequetrefe muito intrigante...
   ‘- Olá Filemon!’[Uníssono]  - todos fazendo um movimento de um tchauzinho, saudando-o, sempre com a mão esquerda na altura do peito, descendo num semi-circulo até a cintura, sincronizados. De camiseta laranja, bermuda jeans na altura do umbigo, tênis All Star preto com uma meia branca ocupando ¼ da canela. Maldita e incrivelmente sincronizados.

   Não vou entrar no detalhe dos cabelos lambidos da esquerda para a direita, senão vocês vão pensar que eu estou levando pro lado pessoal o estilo de vida deles.

   Seus nomes eram: John, Jimmy, Josh, Jason, Jackson, James e Tião.

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