Sempre que
passava pela sala, Filemon olhava para o porta-retrato com a foto de seu pai. Ele
se questionou todos os dias, após o ocorrido, sobre como a morte do velho fora misteriosa...
Juntou
durante todo o tempo – pouco tempo. Bem pouco tempo. Na verdade, no máximo 2
dias, de jornais diferentes, de uns 4, mais ou menos. – todas as matérias que
saíram nos jornais.
Elas estavam parede, atrás do retrato:
“Pé-de-cana dirige freneticamente para a morte.”;
“Indigente com nível de álcool no sangue 9 vezes acima do aceitável para ‘oi, boa noite, hoje eu quero morrer’, capota carro ...”;
“Bebeu pra caralho e causou acidente!”;
“Idiotas no volante. De onde vem? Como vivem? Por que e para quê vivem?;
“Nicole’s Luxury Escort: Entretenimento adulto de fins específicos. – Vivi. 22 anos; Estudante de medicina com ênfase em ‘pé-na-nuca’...”.
...Ok, desconsidere a última matéria.
Elas estavam parede, atrás do retrato:
“Pé-de-cana dirige freneticamente para a morte.”;
“Indigente com nível de álcool no sangue 9 vezes acima do aceitável para ‘oi, boa noite, hoje eu quero morrer’, capota carro ...”;
“Bebeu pra caralho e causou acidente!”;
“Idiotas no volante. De onde vem? Como vivem? Por que e para quê vivem?;
“Nicole’s Luxury Escort: Entretenimento adulto de fins específicos. – Vivi. 22 anos; Estudante de medicina com ênfase em ‘pé-na-nuca’...”.
...Ok, desconsidere a última matéria.
Faltava
algo. Ele sentia que sentia que estava prestes a entender tudo.
Mas mal sabia que estava enganado.
Bem enganado.
Muito enganado.
Enganadasso.
Enganado pra caralho.
Serio.
Muito enganado.
Enganadasso.
Enganado pra caralho.
Serio.
...
Já era
tarde para um happy hour. 17h de uma sexta-feira especial.
O motivo de
a sexta-feira ser especial é que ela é uma sexta-feira, e isso, por si só já é
algo especial.
Filemon
havia combinado de encontrar um grupo de amigos não-intimos para um debate
sobre como "o mundo era diferente quando os homens usavam bigode".
Esse era um
tema subliminarmente importante desde todo o sempre, mas por ser subliminarmente
importante, eles não se davam conta e utilizavam desse tema para se reunir e
tomar uns pileques na sempre finada tentativa de um esboço de início de uma
amizade de verdade.
Tanto para
Filemon quanto para aquele grupo de íntimos amigos não-íntimos dele, aquela
situação era extremamente cômoda, pois ele era um sujeito incomum – leia-se
estranho pra caralho – e aquele grupo de rapazes eram, em suma, mais incomuns
que ele – leia-se mais estranhos pra caralho do que o próprio Filemon -, e
tanto ele quanto eles, não tinham lá tantos amigos, sabe.
Filemon
ainda não havia se convencido de ter percebido que aqueles rapazes usavam as
roupas iguais e seus nomes eram relativamente parecidos. Ele se convencia com o
argumento de que sempre estava levemente alcoolizado – mas nunca totalmente,
devido a historia de seu pai.
Sempre que
o encontravam, faziam uma apresentaçãozinha teatral mequetrefe muito
intrigante...
‘- Olá
Filemon!’[Uníssono] - todos fazendo um
movimento de um tchauzinho, saudando-o, sempre com a mão esquerda na altura do
peito, descendo num semi-circulo até a cintura, sincronizados. De camiseta
laranja, bermuda jeans na altura do umbigo, tênis All Star preto com uma meia
branca ocupando ¼ da canela. Maldita e incrivelmente sincronizados.
Não vou
entrar no detalhe dos cabelos lambidos da esquerda para a direita, senão vocês
vão pensar que eu estou levando pro lado pessoal o estilo de vida deles.
Seus nomes
eram: John, Jimmy, Josh, Jason, Jackson, James e Tião.
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